Geralmente, estas pessoas superendividadas possuem mais de uma modalidade de crédito para quitar
Entra ano e sai ano e milhões de pessoas no Brasil continuam superendividadas. O motivo frequente está atrelado ao fato de que estes cidadãos costumam pegar mais de uma modalidade de crédito e depois não conseguem honrar a dívida. É o caso de Landaura Luz (nome fictício), que é bancária aposentada e precisou entrar na Justiça para forçar uma renegociação e conseguir reorganizar sua vida. Em declaração à Agência Brasil, ela afirmou:
“Em oito meses minha dívida com eles cresceu mais de cinco vezes. Eles chegaram a bater na minha casa, criando constrangimento. Tinha noites que eu não dormia achando que eles iam penhorar e leiloar o meu imóvel.”
Lindaura contou também que nos últimos anos acumulou muitas dívidas, decorrentes de empréstimos consignados, cartão de crédito e cheque especial em dois dos maiores bancos privados do Brasil. Ela fez isso após perder uma fatia de sua renda mensal, quando chegou ao fim um contrato de aluguel de uma loja, em Brasília, onde reside que herdou depois da morte do marido.
A partir daí, os pesadelos começaram e a visita de credores fez com que Lindaura acionasse o Centro Judiciário de Solução de Conflitos e de Cidadania Superendividados (Cejusc) do Tribunal de Justiça do DF e Territórios. O órgão mediou reuniões entre ambas as partes, resultando em dívidas amortizadas e outras reparceladas. Ela conta que parte já foi quitada e a outra está com o pagamento em dia.
5 milhões de pessoas superendividas no Brasil
O desfecho da história de Lindaura serve para ilustrar os milhões de pessoas superendividadas no país. Atualmente, existe em torno de cinco milhões de cidadãos nesta situação, em um mundo de 83 milhões de tomadores de empréstimo, que equivale a 6% do total. As informações são do Banco Central.
Na semana passada, aconteceu em Brasília o evento do Cejusc, além de um simpósio da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), no Rio de Janeiro (10/10). Em todas as apresentações, técnicos do Bacen revelaram que o risco de superendividamento é maior quando o mutuário adquire mais de uma modalidade de crédito para quitar.
Acúmulo de modalidade de crédito por pessoas superendividadas
Dessas pessoas superendividadas, conforme dados divulgados pelo BC em junho deste ano, dez milhões de tomadores de crédito estavam com suas parcelas de empréstimos atrasadas. Além disso, mais de nove milhões delas possuíam ao menos mais de uma modalidade de dívida para saldar. Portanto, a questão de superendividamento atingiu mais da metade dos envidados (55%) à época do anúncio do Banco Central.
A instituição financeira também revela que a situação de superendividamento não está essencialmente ligado ao fato de haver taxas de inadimplência, quando a dívida está em aberto há mais de 90 dias.
Segundo consta no site do Banco Central, na página de estatísticas monetárias, no mês de junho, a taxa de inadimplência do crédito consignado era de 3,6% e da aquisição de veículo, 3,3%. A parcela de pessoas que não estavam com o pagamento em dia empréstimo pessoal era de 7,4%. Já do rotativo do cartão de crédito foi de 33,5%; e do cheque especial, 14%.
Fonte: Folha de Pernambuco e Agência do Brasil
*Foto: Divulgação