Uvas pernambucanas contam com a primeira experiência no Sertão do Estado com o plantio de mudas em Petrolândia
Um estudo publicado pela engenheira agronômica, chefe adjunta de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa, Patrícia Coelho de Souza Leão, afirma que a domesticação da videira está associada à descoberta do vinho. Contudo, hoje, a religião desempenha um papel importante no estabelecimento e disseminação da vitivinicultura antiga. Prova disso é que, apesar da produção de vinho em Pernambuco ser relativamente recente, ela já se mostra com muito potencial. Foi o que revelou a premiação Best Wines BW 2023, comenta o especialista e amante de vinhos Luciano Mestrich.
Na lista deste ano, houve a inclusão de oito vinhos da vinícola Rio Sol, do Vale do São Francisco, situada em Pernambuco. Além disso, os rótulos perbambucanos foram considerados também como de “Boa Compra”, com pontuação entre 89 e 91 BW.
Papel do vinho
Segundo Patrícia, em um trecho do documento diz o seguinte:
“Para os, egípcios, o vinho estava associado ao Deus Osíris; para os gregos, ao Deus Dionísio; para os romanos, ao Deus Baco e para os babilônios, à Deusa Siduri (McGovern). Os romanos levaram o vinho como uma forma de impor os seus costumes e cultura nas terras que conquistavam.”
Uvas pernambucanas
Por outro lado, no Nordeste brasileiro, segundo Patrícia Leão, a videira esteve presente desde o século XVI, nos Estados da Bahia e de Pernambuco, onde alcançou a primeira expressão econômica em duas ilhas: a de Itaparica (BA) e a de Itamaracá (PE). Contudo, Patrícia frisa que na ilha de Itamaracá foram explorados os mais importantes vinhedos do Brasil desde a época de sua introdução até a dominação holandesa, por volta de 1636 (Souza, 1996), provando assim o papal essencial das uvas pernambucanas para o Brasil.
“Do litoral do Nordeste, a videira foi levada para o interior até as fronteiras do Agreste e Sertão. Até meados do século XX, a videira foi plantada apenas nos quintais das fazendas de gado, voltadas para o consumo doméstico.”
Década de 1950
Por fim, o estudo de Patrícia indica que a partir do início da década de 1950, investimentos públicos e privados constituiriam–se nos embriões da vitivinicultura atualmente existente no Vale do Submédio São Francisco. Em 1956, a Cinzano S/A iniciou em Petrolândia–PE, o plantio de cem mil mudas de híbridos de uvas para vinho.
“Em 1960, foi implantada pela Comissão do Vale do São Francisco,no Núcleo Colonial Afonso Ferraz, em Petrolina–PE, uma grande coleção de videiras oriundas da Estação Experimental de São Roque, do Instituto Agronômico de Campinas.”
*Foto: Reprodução/Unsplash (Amos Bar-Zeev)