A pesquisa “Tendências Globais de Capital Humano” realizada pela Deloitte com 10.000 profissionais de 105 países, incluindo o Brasil, prevê uma necessidade de reimaginar os modelos tradicionais de trabalho, projeta o possível fim dos cargos como conhecemos e propõe uma maior valorização das habilidades da força de trabalho.
O estudo sobre capital humano revela ainda uma necessidade de colocar as habilidades dos empregados à frente de sua posição na empresa. Do total de entrevistados, 93% declararam que é muito importante deixar de focar em cargos, porém, apenas 20% acreditam que a empresa em que trabalham está preparada para aplicar esse novo modelo.
Os dados revelaram também que 59% dos entrevistados querem se concentrar em reimaginar o modelo tradicional de trabalho nos próximos 2 a 4 anos. O relatório revelou ainda três tendências importantes: a navegação para a extinção de cargos, a potencialização da força de trabalho por intermédio da tecnologia e a ativação das mudanças do local de trabalho.
Sobre a pesquisa, Ernesto Heinzelmann, presidente da Heinzelmann Consultoria Empresarial, consultor e conselheiro administrativo de grandes empresas, comenta os desafios da possível extinção de cargos projetada pela pesquisa da Deloitte.
O futuro do capital humano
Segundo Ernesto Heinzelmann, o conceito apresentado pela pesquisa não é novo, mas representa desafios. “Ainda há, mesmo que não aparente na pesquisa, o apego ao cargo, pelo status e reconhecimento que traz no mundo externo à empresa. Internamente traz a dificuldade de reconhecer e praticar a hierarquia no comando e nas decisões, algo necessário em qualquer organização, bem como a remuneração associada às atividades e responsabilidades.”.
Outro desafio está na dificuldade da avaliação de desempenho sem uma definição clara das expectativas. Sobre esse ponto, Ernesto Heinzelmann dissertou que “de fato não há conflito, ou não deveria haver, entre a necessidade da empresa e o papel do indivíduo. A organização tem uma função, um cargo, uma atividade a ser desempenhada para o seu funcionamento. O indivíduo tem habilidades e competências a oferecer. O casamento entre estes dois papéis, somados à dedicação, empenho e muito trabalho, são os fatores de sucesso e crescimento profissional.”.
Ernesto Heinzelmann é um renomado nome no cenário industrial e empresarial brasileiro, amplamente reconhecido na economia nacional e destacado por seu engajamento social.
Novos fundamentos para um mundo sem fronteiras
O levantamento divulgado em maio de 2023 aponta para a necessidade de uma forte mudança nas lideranças em um mundo sem fronteiras.
A visão mecanicista do trabalho assume uma nova roupagem e passa a exigir novos fundamentos em meio a um mundo globalizado, onde as estações de trabalho e as funções já não são mais fixas. O desafio para as organizações é passar por essas transformações, à medida que perdem o modelo de trabalho que os mantinha funcionando.
A boa notícia é que existe uma liberdade maior para experimentar e, assim, definir os novos fundamentos corporativos. Na mesma linha de raciocínio, as regras também estão mudando para os empregados, que devem aumentar o seu poder de engajamento, para abrir portas para colaborações significativas e cocriações entre eles e as empresas.
A pesquisa sobre capital humano mostrou que as organizações que criam com seus funcionários são 1,8 vezes mais propensas a terem uma força de trabalho engajada, 2 vezes mais inovadoras e 1,6 vezes mais dispostas a antecipar e se adaptar às mudanças.
Uma nova forma de liderar
Para mobilizar um novo modelo de trabalho, a pesquisa da Deloitte aponta para a necessidade de mudanças nas lideranças das organizações. Segundo o levantamento, apenas 23% das empresas dizem que seus líderes conseguem navegar em um mundo globalizado e somente 15% responderam que sua liderança está preparada para gerir de forma inclusiva.
O relatório revelou também que uma nova forma de liderar deve se apoiar em três pilares: experimentação para identificar soluções, cultivo de relacionamentos profundos por meio da cocriação e consideração da agenda humana nas tomadas de decisões.
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