O pré-sal tem trazido resultados crescentes à Petrobras, além do fato de seu custo de extração ser 67% menor, chamado no mercado de lifting cost. Este termo diz respeito à medição de quanto é gasto na extração do barril de óleo. E no terceiro trimestre foi de US$ 5 por barril contra US$ 6 nos três meses anteriores, de acordo com informações da Petrobras.
Custo do pré-sal pode cair mais
Segundo analistas, a estimativa é de que esse custo possa cair ainda mais diante do acréscimo de produção de novas plataformas no ano que vem. Amanhã (6), o governo realizará o megaleilão do pré-sal, o que pode resultar em um incentivo a mais nos resultados do setor nos próximos anos.
O custo de exploração do pré-sal recuou 61% de 2014 até 2019, de US$ 15,3 por barril para US$ 6. Os dados foram levantados pelo Estadão/Broadcast junto a Rystad Energy Ucube, companhia de pesquisa em energia.
Se for levado em consideração os indicativos atualizados pela Petrobras em seu último diagnóstico, a queda é ainda maior, marcando 67%, que corresponde a US$ 5. Os números são em barris de óleo equivalentes (boe), unidade que diz respeito ao potencial energético do gás e o petróleo em um barril.
Impulsionamento da Petrobras
Graças à influência do pré-sal, a estatal petroleira conseguiu diminuir em 7,3% sua despesa de extração total para US$ 9,67 entre os meses de julho e setembro de US$10,43/barril nos três meses anteriores. Com isso, a Petrobras tem se aproximado de grandes companhias do setor. São elas: Shell, ExxonMobil, BP, Chevron, Eni e Total, que juntas apresentaram um lifting cost médio de US$ 5,4/barril até o momento em 2019.
Mesmo com este indicativo favorável, a estatal ainda tem um trajeto considerável a percorrer para se equiparar ao Oriente Médio, que é o berço da produção de petróleo global, em que o custo médio de extração é de US$ 3,2 por barril, de acordo com números da Rystad Energy Ucube. As informações foram levantadas pela consultoria em mais de 500 companhias deste segmento.
Opinião de especialistas
Para Gabriel Francisco, analista de petróleo e gás da XP Investimentos, a abundância do petróleo no Oriente Médio contribui para os custos inferiores. No entanto, ele afirmou que é o pré-sal é um ativo valioso, que requer um alto investimento no início, mas que traz uma forte produção junto. E destaca a importância dos investimentos em produtividade feitos pela Petrobras em relação ao pré-sal.
Para se entender melhor, um poço em terra (onshore) produz, em média, 15 barris por dia no Brasil, ao passo que no pré-sal este montante diário pode chegar a 40 mil. Portanto, um único poço em águas profundas pode produzir mais que toda a extração onshore da Bahia ou do Rio Grande do Norte. Já em relação ao custo de extração da Petrobras em terra foi de US$ 18,19 por barril, ou seja, 3,5 vezes superior ao do pré-sal.
Nas demonstrações dos resultados, a estatal petroleira indicou que a diminuição no custo do pré-sal veio com o crescimento de escala da produção das plataformas do campo de Búzios. A perspectiva da companhia é de que no quarto trimestre, esse índice fique entre US$ 5 e US$ 6 por barril.
Para André Hachem, analista do Itaú BBA, os números da Petrobras para o custo de extração foram positivos. Ele enxerga que a estatal está se esforçando para cortar despesas. Além disso, o analista também disse que a tendência é de que este custo siga em queda ao passo que as plataformas novas (P-75, P-77, P-69, P-76, P-67 e P-74) vão marcando sua capacidade máxima. Em declaração à revista EXAME, Hachem concluiu:
“Elas não estão rodando a 100% ainda. A gente estima que isso (o ganho de escala após o início da produção) continue acontecendo até o ano que vem.”
Fonte: revista EXAME
*Foto: Divulgação