Na exposição, criada em parceria com o artista plástico Sandro Akel, o fotografo destaca a riqueza do encontro entre universos criativos e a força da obra materializada
A exposição colaborativa “Fluxo e Fragmento” saiu de cartaz no último dia 10 de agosto, mas ainda ressoa nos idealizadores , trazendo desdobramentos para possíveis novas edições e parcerias. A mostra surgiu do diálogo entre dois artistas com trajetórias e linguagens distintas: Andre Passos, fotografo conhecido por seu trabalho em moda, publicidade, lifestyle e retratos, e o artista plástico Sandro Akel, cujo trabalho transita entre o abstrato e o sensível.
O que poderia ter sido um simples projeto colaborativo se transformou em uma experiência imersiva, marcada pela intensidade e delicadeza do encontro.
“Quando dois artistas trabalham juntos, especialmente tratando de algo tão íntimo como o universo interior, é preciso muito cuidado. O artista fala do que tem dentro de si, de lugares delicados, de certezas e dúvidas. Acho que esse foi o ponto mais rico: encontrar formas de dialogar a partir de universos que tinham semelhanças, mas também diferenças”, afirma o fotografo.
Ele ressalta que essa convergência não significa apenas somar estilos, mas construir um terreno novo, onde as diferenças se complementam e geram significados inesperados.
A reação do público
A parceria entre os dois artistas também foi o que mais chamou atenção do público. A expectativa sobre o que poderia surgir do encontro de duas visões distintas tornou-se parte central da experiência da exposição.
“O que mais me marcou foi a curiosidade das pessoas diante desse encontro. Sempre há a expectativa de ‘o que vai acontecer quando duas pessoas se juntam?’. Esse questionamento parecia presente no público e acabou sendo algo que conectou bastante”, relembra o fotografo.
O público reagiu de formas variadas: alguns se deixaram levar pelo caráter quase fantástico das imagens, enquanto outros buscavam decodificar as referências, mergulhando em leituras subjetivas.
Para Andre, o engajamento evidencia a força da colaboração artística: não se trata apenas do resultado final, mas da vivência coletiva — entre os artistas e também com o público que visitou a exposição.
Materialidade versus digital: a força quase espiritual da obra
Além do engajamento do público com a mostra colaborativa, Andre conta que a experiência de criar e observar imagens digitais e materializadas também foi marcante. Para ele, a presença física da obra confere peso e densidade que transformam a percepção do público e do próprio artista.
“Trabalhar só com imagens digitais, sem o peso do papel, da tela, da madeira ou da tinta, dá a sensação de algo menos real. Quando a imagem ganha corpo material, ela adquire uma força maior, quase espiritual. Quero explorar muito mais esse caminho: colocar minhas imagens em matéria”, explica Andre Passos.
Essa reflexão abre um debate interessante sobre a fotografia contemporânea: enquanto o digital permite rapidez e flexibilidade, a materialidade da obra conecta o espectador a uma experiência mais intensa, sensível e profunda, trazendo de volta um senso de presença que transcende a tela.
Desdobramentos da exposição
Mais do que um evento pontual, “Fluxo e Fragmento” teve desdobramentos significativos. Para o fotografo, a experiência confirmou inquietações antigas sobre a fotografia e abriu possibilidades para novas experimentações, como a ampliação do diálogo com outros artistas e a possibilidade de desenvolver projetos que mesclam linguagens, criando narrativas híbridas e sensoriais.
“A parceria ainda é muito jovem, foram apenas duas a três semanas de trabalho conjunto. Há muito a explorar ainda nesse diálogo criativo, e isso me anima bastante”, comenta o fotografo Andre Passos.
O futuro da parceria
Em “Fluxo e Fragmento” é possível observar que as obras vão além das imagens: elas representam uma investigação constante de como a imagem pode dialogar com o espaço, o corpo, o tempo e a emoção do público.
Ao revisitar a exposição, Andre evidencia que esse diálogo inicial sugere caminhos futuros, nos quais a materialidade da obra e a colaboração entre diferentes linguagens continuarão a ser exploradas. “A parceria mostrou que é possível criar algo rico e sensível mesmo em um tempo curto de trabalho. É o começo de uma trajetória que ainda tem muito a revelar”, conclui.
Para os idealizadores e visitantes , a mostra deixou claro que, quando dois universos criativos se encontram com respeito e atenção às diferenças, surge uma potência inesperada, capaz de gerar imagens, experiências e reflexões que permanecem muito além da exposição.
Andre Passos, fotografo de olhar múltiplo
Artista que combina técnica e sensibilidade para construir imagens que dialogam com histórias e pessoas, transita entre o editorial e o artístico, sempre em busca de novas formas de expressão.
Com uma carreira de 25 anos, sua trajetória reúne colaborações para importantes revistas no Brasil e no exterior, como Vogue, Elle e Harper’s Bazaar. Ao longo deste percurso, também fotografou personalidades de destaque, entre elas Scarlett Johansson, Bruna Marquezine, Paolla Oliveira e Ivete Sangalo. No universo da publicidade, assinou campanhas para marcas como Natura, Forum, Ellus, Reinaldo Lourenço e Vivara.
Formado em Fine Art Photography pela City of London Polytechnic, é um defensor da sensibilidade humana no universo da fotografia, especialmente diante da ascensão digital e da inteligência artificial. Para ele, o refinamento estético e a captura da essência de cada pessoa continuam sendo valores insubstituíveis na arte fotográfica.
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