Ostreiros reclamam de queda nas vendas do molusco; no fim de 2019, empresário morreu no Recife
Os ostreiros de Itapissuma, na Região Metropolitana do Recife (RMR), organizaram um protesto na manhã desta terça-feira (7) e bloquearam os dois sentidos da ponte que dá acesso à cidade vizinha da Ilha de Itamaracá. O motivo da paralisação foi em decorrência da queda das vendas do molusco depois que um empresário faleceu no último dia 26 de dezembro, no Recife. A ponte permaneceu bloqueada por mais de duas horas, entre 8h30 e 10h40.
Ostreiros – reclamações
De acordo com relatos de amigos da vítima, o homem teria ingerido uma porção de ao menos 14 ostras na praia de Boa Viagem, na zona sul da capital pernambucana. Após passar mal e ficar quatro dias internado em um hospital, ele foi a óbito.
Durante o ato de hoje, cartazes com os dizeres: “a verdade sobre as ‘fake news’” circularam pela ponte bloqueada. Do ponto de vista dos ostreiros, as informações divulgadas sobre a qualidade das ostras pela mídia são “mentirosas”. Com isso, eles atearam fogo em pneus e entulhos no começo da ponte para bloquear o trânsito.
Sobre isso, o presidente da Associação dos Ostreiros de Itapissuma, Severino André Alves, em entrevista ao programa “Jota Ferreira Agora”, da Rádio Folha 96,7 FM, disse o seguinte:
“Estamos passando necessidade hoje porque não estamos mais vendendo ostras na praia.”
E ainda ressaltou:
“Desde que sou pequeno trabalho com ostras e nunca houve isso. É tudo mentira, e fica difícil a situação da gente.”
Criadouros de ostras
Jefferson Menezes, secretário de governo da Prefeitura de Itapissuma, relatou que há muitas pessoas no município que possuem criadouros de ostras em casa e que, portanto, também estão sendo prejudicadas com a baixa comercialização do molusco.
“Há décadas que vendemos ostras e ninguém passou mal. Os ostreiros também querem que o Governo Federal paguem o seguro-defeso por causa da queda das vendas assim como aos pescadores afetados pelo óleo (que atingiu o litoral brasileiro ano passado).”
De acordo com dados da prefeitura, o cálculo é de uma redução de ao menos 90% das vendas desde a divulgação sobre o falecimento do empresário. Aproximadamente mil ostreiros de Itapissuma estão sendo afetados. O município é considerado o maior produtor de pescado de Pernambuco e é responsável por 65% da produção das ostras consumidas em praias de estado nordestino.
Em torno de 70% da população local depende da atividade pesqueira, já que boa parte das ostras negociadas em Pernambuco são cultivadas e coletadas em fazendas nos manguezais do Canal de Santa Cruz, curso d’água que separa Itapissuma de Itamaracá.
Como se prevenir na hora de consumir ostras:
- Dar preferência ao consumo em bares e restaurantes. A maioria dos localizados na região compra ostras criadas em cativeiros no Rio Grande do Norte;
- Se consumir na praia, deve ser logo cedo, pois o risco é maior no final do dia;
- Verificar as condições de higiene do ostreiro;
- Nem sempre a ostra vai apresentar alterações de cheiro e sabor, mas é preciso atenção, uma vez que os micro-organismos patogênicos não são deteriorantes, ou seja, não estragam o alimento;
- Procurar saber a procedência do molusco e ter uma pessoa de confiança para comprar;
- Buscar indicações e o histórico da procedência do estabelecimento;
- Conferir se os baldes usados nas praias estão com gelo. Na maioria das vezes, não, o que aumenta o risco.
Fonte: Folha de Pernambuco
*Foto: Divulgação