Estudo revela discrepância entre potencial turístico do Brasil e sua aproximadamente irrelevância no cenário global
No final de 2019, foi divulgado um estudo em que era indicado que Bancoc, na Tailândia, é a cidade mais visitada do mundo, pelo quarta vez seguida. Só em 2018, foram em torno 23 milhões de turistas. Em segunda e terceira posição estão, respectivamente, Paris (França) e Londres (Reino Unido). Em 2017, estas posições estavam invertidas.
Estudo Global Destination Cities Index
O ranking é elaborado há dez anos pela Mastercard e o estudo chama Global Destination Cities Index. A pesquisa é baseada em viajantes que passem pelo menos uma noite em seu destino, que é fora de seu país de origem.
Neste último relatório, porém, outros dados merecem destaque. É o caso de constatar também que o mercado do turismo está voltando a se aquecer. Em dez anos, teve um aumento médio anual de 6,5% no número de viajantes, e de 7,4% em suas despesas.
Nos últimos nove anos, Bancoc, Paris e Londres estiveram sempre entre os três principais destinos procurados pelos turistas.
As outras sete cidades que aparecem no ranking são: Dubai (Emirados Árabes Unidos), Singapura, Kuala Lumpur (Malásia), Nova York (EUA), Istambul (Turquia), Tóquio (Japão) e Antália (Turquia).
Já do 11° ao 20° lugar estão: Seul (Coreia do Sul), Osaka (Japão), Meca (Arábia Saudita), Phuket (Tailândia), Pattaya (Tailândia), Milão (Itália), Barcelona (Espanha), Palma de Mallorca (Espanha), Bali (Indonésia) e Hong Kong.
Cidades do oriente
O Oriente se destaca pelo fato de seu alto potencial turístico, decorrentes de suas belezas naturais e sítios culturais, além da China continental também ter se tornado uma potência no turismo.
Atualmente, no cenário global, apenas os Estados Unidos mandam mais pessoas de sua população viajar pelo mundo, a China aparece em segunda posição. Para os chineses, prevalecem como destino, locais mais próximos do país.
Para os norte-americanos, os três principais destinos de viagem, de acordo com o estudo, são: Cancún (México), Toronto (Canadá) e Londres. E para os chineses são: Bancoc, Seul e Tóquio.
Brasil – discrepância
Segundo o estudo, o que chama a atenção é que nos caso dos brasileiros é revelada uma discrepância no que diz respeito ao potencial turístico e a sua quase irrelevância no cenário global.
Um exemplo disso é se for levado em consideração que o número de turistas recebidos pela cidade que está em décima posição nessa pesquisa, que é Antália, podemos notar que ele é da ordem de 12,5 milhões de pessoas, e não para toda a Turquia. Este número é aproximadamente o dobro do que o Brasil inteiro recebe por ano. Só em 2018, foram quase 6,6 milhões, mesmo índice de 2017.
Quando consideramos a vigésima posição do ranking, Kong Kong, em 2018 a cidade recebeu mais de oito milhões de turistas, o que aponta também mais do que todo o território brasileiro.
Além disso, se for levado em conta os números por cidade, as campeãs brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, ainda estariam mais distantes na comparação.
Estudo – Brasil se mostra mais generoso
Apesar de ficar abaixo de outros países no ranking, de acordo com levantamento, o Brasil se mostra mais generoso como fonte de turistas e dinheiro para os outros.
Pelo estudo, os países emissores de turistas, conduzido por Estados Unidos e China, o Brasil aparece entre os 20 maiores.
Em 2018, ficou em 17ª posição. E em relação aos três principais destinos para onde levamos e gastamos nosso dinheiro foram, respectivamente, Nova York, Orlando e Miami.
Portanto, fica evidente que há uma distorção que precisa ser combatida. Pela diversidade cultural e paisagística, além de atrações cosmopolitas nas metrópoles, o Brasil possui um enorme abismo entre o que pode proporcionar aos viajantes e o movimento de chegada de turistas que realmente acontece. Fica evidente que nos destacamos mais no quesito gastar dinheiro em outro país muito rico.
Outra curiosidade do estudo da Mastercard aponta que o único outro país da América Latina nessa pesquisa de emissores de turista a aparecer entre os 20 maiores é a Argentina, em 16ª posição.
No entanto, em 2018, seus três principais destinos foram bem distintos dos nossos, com Porto Alegre, Montevidéu (Uruguai) e Valparaiso (Chile), respectivamente.
Fonte: Folha de S. Paulo
*Foto: Divulgação / PrimalOptic