A previsão de alta da Selic é de que a taxa de referência passará dos atuais 10,75% para 11,25% anuais
Em breve, haverá mais um aumento da taxa de juros básica Selic, em meio ponto percentual. O Banco Central do Brasil prepara-se para mais esta empreitada, com 11,25%, porém, diante de expectativas de anúncios oficiais de cortes de gastos.
Além disso, nesta quarta-feira (6), o Comitê de Política Monetária (Copom) deverá anunciar, depois dois dias de reuniões, o segundo aumento consecutivo da Selic no ciclo de ajustes iniciado em setembro, quando subiu 0,25 ponto.
Alta da Selic
A alta da Selic taxa passará dos atuais 10,75% para 11,25% anuais, conforme a previsão praticamente unânime de mais de uma centena de instituições financeiras e consultorias entrevistadas pelo jornal econômico Valor.
Motivo do aumento
O principal motivo do aumento é a inflação que teima em seguir fora da meta, dizem economistas.
Entretanto, não se pode deixar de lado as pressões exercidas sobre a economia pelo dólar, pela energia, pelo mercado de trabalho em constante aquecimento, além de uma política fiscal bem generosa.
Ao identificar todos estes fatores é possível entender o porquê de uma decisão de 0,50%, ou seja, não foi algo que surpreendeu o setor econômico.
Definição do pacote de corte de gastos
A gestão de Luiz Inácio Lula da Silva tenta acalmar os ânimos do mercado sobre sua capacidade de cumprir a meta fiscal. E a pedido do presidente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, suspendeu uma viagem à Europa que ocorreria esta semana para concluir a definição do pacote de corte de gastos.
Pressões
Todavia, a inflação na maior economia da América Latina subiu em setembro para 4,42% em 12 meses, por conta do aumento do preço dos alimentos e da energia, impulsionado sobretudo pela seca histórica que o país atravessa.
Apesar disso, dentro da margem de tolerância oficial (até 4,50%), a taxa permanece longe da meta de 3%.
E o dólar?
O dólar disparou na última sexta-feira (1/11) para 5,86 reais, o segundo maior valor histórico. E neste ano já acumula um aumento de mais de 20%.
Na segunda-feira, na expectativa de anúncios, a moeda americana caiu 1,48%, a 5,78 reais, enquanto o principal índice da Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa, avançou quase 1,87%, a 130.515 pontos.
Crescimento da economia
Por sua vez, a economia nacional cresceu 3,3% no segundo trimestre de 2024 na comparação anual. O mercado prevê que o PIB crescerá 3,10% ao longo do ano.
Já o desemprego caiu para 6,4% no trimestre julho-setembro, uma redução de 0,5 ponto percentual face ao trimestre anterior (abril-junho), quando se situou em 6,9%.
Além disso, o anúncio da autoridade monetária vai coincidir com as reuniões do Federal Reserve (banco central) dos Estados Unidos para debater a redução das taxas de juros, no contexto de eleições presidenciais acirradas.
Liberdade nas decisões
Após um ano com a taxa em 13,75%, em agosto de 2023, com a moderação dos preços, a autoridade monetária começou uma redução progressiva da Selic até junho de 2024, quando atingiu 10,50%, onde permaneceu inalterada até setembro.
Naquele mês, o Banco Central elevou a taxa em 0,25 ponto percentual.
Vale dizer que a decisão do Copom foi questionada pelo presidente Lula, que afirma que as taxas elevadas afetam o crescimento ao encarecer o crédito e desencorajar os investimentos.
O Comitê voltará a analisar a Selic em nova reunião em dezembro.
Roberto Campos Neto
Já em relação ao atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, deve entregar o cargo em janeiro a Gabriel Galípolo, economista de 42 anos indicado por Lula.
Em outubro, na audiência de nomeação no Senado, Galípolo disse que o presidente lhe garantiu liberdade para tomar decisões.
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