No último mês, uma pesquisa que calculou o Índice de Capital Humano (ICH), realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE), revelou um crescimento da escolaridade e experiência média dos brasileiros. Os indicadores ainda comprovaram que entre 1995 e 2022 o capital humano desenvolveu em média 2,2% ao ano.
Em entrevista dada ao Valor, o coordenador do Observatório da Produtividade Regis Bonelli, do FGV IBRE, Fernando Veloso, apontou que existem sim problemas estruturais na educação do Brasil, mas o capital humano teve uma contribuição positiva para ampliar a produtividade do trabalhador.
A pesquisa trata ainda sobre a produtividade total dos fatores (PTF), índice que leva em consideração a eficiência da mão-de-obra, mas também a aplicação do uso de capital financeiro. Com o ajuste do ICH, a PTF teve uma queda de 0,9% ao ano e, sem o ajuste, registrou um crescimento anual de 0,4% no período.
Mas afinal, o que é capital humano? A seguir vamos explanar mais sobre esse termo e a sua importância para o desenvolvimento do mercado.
Capital humano e a sua importância
O capital humano é um termo empregado para representar o conjunto de habilidades que levam um indivíduo a aumentar os seus rendimentos. A palavra capital segue uma analogia com o próprio dinheiro físico, que indica um investimento concreto que prevê melhorias no futuro.
Diferente do capital físico, o humano não é tangível, e varia de acordo com o conhecimento e vivências que cada pessoa adquiriu ao longo da sua vida. O investimento no capital humano está diretamente ligado com os resultados de um negócio, quanto mais uma empresa investe na capacitação de seus funcionários, mais isso é revertido em resultados positivos para o negócio.
O capital humano pode ser considerado um dos pilares para aumentar a competitividade de uma empresa. Por exemplo, você se lembra de como foi o começo da sua trajetória profissional? Com o passar do tempo, a vivência auxiliou a melhorar o seu desempenho? É certo que a experiência adquirida contribuiu para o dinamismo nas relações com os colegas e a empresa. E não estamos falando apenas do conhecimento formal, mas também do pessoal.
Pense na seguinte hipótese: você recebeu uma oferta melhor de outra empresa, ao aceitar, você leva algo muito mais do que o conhecimento técnico, pois foi o aprendizado que te permitiu se adequar as tarefas e melhorar os resultados daquele ambiente.
Uma pesquisa recente da Deloitte prevê uma repaginação dentro das empresas em que projeta o fim dos cargos, o que pode impactar o capital humano pois os cargos desempenham um papel importante na estrutura organizacional e na distribuição de responsabilidades. Nesta pesquisa, o conselheiro administrativo Ernesto Heinzelmann ainda alerta para o “apego aos cargos” devido ao status e reconhecimento no mundo externo ao da empresa.
Capital humano X Capital intelectual
O capital intelectual é considerado um conceito mais amplo do que o capital humano. Os ativos intelectuais não se limitam ao conhecimento e habilidades adquiridas, mas englobam também as informações coletadas e armazenadas pela empresa.
Uma metodologia criada por uma empresa, pode ser patenteada e, então, passa a ser considerada um capital intelectual. Como também uma identidade visual de uma marca, ou serviços exclusivos, banco de dados, ou até mesmo a própria rede de relacionamentos dos gestores pode contar como um ativo.
Como fortalecer o capital humano de uma empresa?
Agora, que já passamos pelo ICH, pela importância e definição desse ativo, vale listar os 4 passos fundamentais para desenvolver o capital humano dentro de uma organização:
Passo 1: apresente um bom plano de carreira
O seu funcionário vai trabalhar ainda mais engajado se ele souber o próximo passo para a sua carreira, pois existe um foco. Assim, ele vai saber onde quer chegar na empresa e, por isso, vai se empenhar em apresentar um melhor desempenho profissional.
Passo 2: construa uma equipe independente
O capital humano também está ligado à confiança que um empregado deposita em seus gestores. Se um funcionário se sente inseguro para tomar decisões ou trazer soluções, temos um problema. Dar autonomia para a sua equipe e trabalhar a autoconfiança é uma das formas mais eficientes de desenvolvimento do capital humano. Deste modo, você potencializa a confiança e a parceria entre empresa e empregado.
Passo 3: Incentive com bonificações
Diferente dos benefícios, direitos essenciais para a estabilidade do capital humano, a bonificação incentiva os colaboradores a atingirem determinadas metas. E devem ser formas de investimento no capital humano e no seu progresso.
Os benefícios são ações que fazem parte da remuneração, já o bônus mostra que a empresa confia no seu funcionário e reconhece o seu crescimento dentro da empresa.
Passo 4: Invista em treinamentos
Para que o índice de capital humano cresça, é preciso investir em qualificação. Aplicar treinamentos é a melhor forma de extrair o máximo deste ativo, além disso, com essa ação, é possível desenvolver as competências dos colaboradores e evoluir o funcionário no mesmo ritmo do mercado.
Investir em capital humano é o melhor caminho para se ter colaboradores valorizados, que erram menos, são mais produtivos e motivados. Como consequência, tanto a empresa quanto os funcionários ganham nessa equação.
Foto principal: https://burst.shopify.com/photos/four-hands-meeting?q=human+resources