Cenário econômico do Nordeste está superando a média nacional; Alagoas lidera; saiba como ficam Pernambuco, Bahia e Ceará no panorama regional
A economia do Nordeste tem previsão de ter um desempenho melhor do que a do Brasil em 2023. Isso porque a estimativa é que o Produto Interno Bruto da região cresça 3,8%, 1% acima das projeções do mercado para o PIB nacional (2,89%), publicadas recentemente no Boletim Focus (Banco Central). O resultado, superior também aos 3,2% estimados pelo Ministério da Fazenda para o país, deve ser puxado por Alagoas, com uma taxa de 6,9%. Já Pernambuco (2% a 2,5%), Bahia (2%) e Ceará (1,9%) não devem acompanhar a média nacional, nem a regional.
Cenário econômico do Nordeste
De acordo com o economista do Banco do Nordeste e gerente executivo do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), Allisson Martins, acerca do cenário econômico do Nordeste:
“A atividade econômica no Brasil vêm apresentando robustez nos últimos trimestres, o que vem refletindo na melhora das expectativas de crescimento do PIB em 2023. Para o Nordeste, a expectativa de crescimento econômico em 2023 é ainda superior. Deve atingir 3,8%.”
Panorama de Alagoas
Ele ainda acrescentou que o maior avanço entre os estados nordestinos é estimado em Alagoas, próximo dos 7%. Além disso, o estado possui a menor economia do Brasil. No entanto, vem surpreendendo no PIB estadual.
Vale destacar que em 2020, ano mais drástico da pandemia da Covid-19, houve uma queda de 4,2%, seguida de uma recuperação em 2021 (4,6%) e crescimento em 2022 (3%).
Um dos fatores que contribui para essa performance é o efeito dinamizador do investimento público. Em 2023, o governo de Alagoas projeta um total de R$ 14 bilhões, mantendo o estado como uma das unidades da federação com maior percentual da receita corrente líquida (RCL) destinado a investimentos.
Pernambuco ainda se recupera do impacto da pandemia
Já as três maiores economias do Nordeste – Bahia, Ceará e Pernambuco – têm previsões modestas.
Em Pernambuco, a economista e especialista em desenvolvimento regional, Tânia Bacelar, sócia na consultoria Ceplan, explica que o estado foi fortemente afetado pela pandemia por causa da participação elevada de serviços no PIB (em torno de 74%), superior à média nacional. “O terciário foi o setor produtivo mais impactado pela Covid-19”, acrescenta.
A economia local ainda passa por um processo de recuperação. Os dados do Instituto de Atividade Econômica do Banco Central (IBC/Bacen) revelam que o estado vem tendo oscilações no PIB, apresentando períodos de desempenho do produto interno bruto um pouco acima do país, intercalados com taxas inferiores às nacionais e até retração. Em 2022, segundo a Agência Condepe/Fidem – ligada ao governo estadual – o resultado anual foi positivo em 0,7%, enquanto o Brasil cresceu 2,9%.
Bahia desacelera em 2023 e cresce abaixo da economia regional
Por sua vez, na Bahia, o PIB cresceu 1,8% no primeiro semestre deste ano, 3% no segundo semestre de 2022 e 2,6% no acumulado do ano anterior.
Agora, a expectativa é de uma taxa positiva (2%) no acumulado de 2023, porém inferior à de 2022, refletindo, entre outros fatores, a queda na atividade fabril causada pelo recuo na demanda de petróleo, químicos e petroquímicos e metalúrgicos no comércio exterior. As exportações baianas despencaram 26% de janeiro a agosto deste ano, no comparativo com o mesmo período do ano passado, influenciando negativamente a produção industrial.
Segundo o coordenador de Acompanhamento Conjuntural e Comércio Exterior na Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Arthur Souza Cruz:
“Neste semestre, os serviços registraram aumento de 3,5% e a agropecuária cresceu 4,1%, mas, por outro lado, a indústria caiu 1,8%, na comparação com o mesmo período do ano anterior.”
Ceará – PIB de serviços avança, agropecuária fica estável e indústria cai
Produto Interno Bruto (PIB) cearense cresceu 1,7% no primeiro trimestre de 2023 em relação a igual período do ano passado, conforme o Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece).
De janeiro a março passado, comparado ao mesmo trimestre de 2022, o setor de serviços avançou 2,24%. Porém, a agropecuária ficou praticamente estável (0,56%) e a indústria caiu 1,61%.
Por fim, a expectativa para o acumulado do ano é acima dos 0,96% registrados em 2022, mas ainda assim próximo dos resultados de Pernambuco e Bahia. A previsão pode ser revista pelo Ipece na divulgação do acumulado do primeiro semestre, programada para a próxima semana.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-gradiente-de-caixa-brasileira_21935195