Feira da Economia Solidária debateu trabalho de artesãs de todo o país
Durante a semana passada, uma grande tenda branca próxima ao Mercado Público de Porto Alegre, no centro da cidade, ofereceu produtos artesanais dos mais diversos tipos na Feira da Economia Solidária do Fórum Social Mundial – FSM. Além disso, a movimentação da economia por artesãs também foi tema de debate em uma mesa do fórum, que teve a participação do secretário de Economia Solidária do governo federal, Gilberto Carvalho.
Feira da Economia Solidária
De acordo com o ministro da pasta, ainda há um universo de redes locais e nacionais para ser mapeado. Sendo assim, a economia solidária é uma alternativa para geração de trabalho e renda para muitas pessoas, especialmente mulheres. É o caso de Clarissa Silveira, que trabalha com cosméticos naturais na rede Benzer Aromas.
Ela afirmou que a rede possui mais de 30 produtoras em todo o Brasil e que ofereceu, durante o FSM, produtos feitos por seis empreendedoras de Rolante, no interior do Rio Grande do Sul.
“Nós procuramos participar de feiras de economia solidária ou feiras de produtos artesanais, feiras de cuidado consciente, né?”
Ela explicou ainda que o trabalho envolve sabedoria ancestral com tecnologia científica.
“O nosso produto tem um diferencial que é um resgate também dos conhecimentos das ervas, das poções e dos unguentos, mas com conhecimento novos, atualizados, de química e farmácia.”
Marco regulatório
Por outro lado, a empreendedora observa que é preciso definir um marco regulatório do pequeno produtor de cosméticos. Isso porque a legislação atual só é vinculada à grande indústria.
“Então, nós estamos à margem, né? As raizeiras. Então, a nossa questão da cosmética natural começa por um marco regulatório que inclua o artesão e a artesã da cosmética.”
Algodão natural
Já para a costureira Rosilene Rodrigues Ramos que integra a rede de cooperativas Justa Trama, trabalha com toda a cadeia produtiva do algodão colorido natural. Ela conta que a cooperativa conta com 25 costureiras, porém, o processo todo envolve cinco estados, com 780 associados.
O trabalho começa no Ceará, onde é plantado o algodão claro, de uma tonalidade bege, e em Mato Grosso do Sul, onde se planta o algodão marrom. O fio e o tecido são feitos em Minas Gerais e distribuídos para as cooperativas que costuram as roupas.
“A gente produz todas as peças e o restante dos retalhinhos, nada é jogado fora, nada vai para o meio ambiente, os retalhos vão para Rondônia, onde são feitas bonecas e jogos, coisas para crianças. Em Rondônia, eles fazem também os acessórios que a gente usa na nossas peças, como colar e botões, é tudo feito de material natural, o botão é da casca do coco, os colares são de sementes nativa daquela região.”
Como tudo começou
Com 18 anos de estrada, o projeto Justa Trama começou em outra edição do fórum, em Porto Alegre.
“Começou em um debate num grupo que se reuniu para fazer a diferença. Então, para nós é muito gratificante a economia solidária.”
Vestir o próprio produto
Em compensação, a senegalesa Mama, que está no Brasil há 15 anos, também na área de confecção, revela que veste o próprio produto literalmente. Para isso, ela traz tecidos da África – muito coloridos e estampados – para vender no Brasil, além de costurar roupas como vestidos, batas, camisas e turbantes.
“Eu tenho uma loja e um ateliê de costura em São Paulo e tenho visto o aumento da procura por esses tecidos aqui no Brasil. Eu faço desfile de moda em todo lugar, visto gente famosa, sob medida. Participo mais da Feira Preta, em São Paulo em novembro.”
Praça XV de Novembro
A Feira da Economia Solidária funcionou durante toda a semana passada na Praça XV de Novembro, com produtos artesanais como brincos, colares, bonecas, roupas, crochê e castanhas.
*Foto: Reprodução