Metade da renda para quitar dívidas, segundo pesquisa Genial/Quaest, revela que aproximadamente 70% das pessoas endividadas apoia o programa Desenrola Brasil
A pesquisa Genial/Quaest divulgada na manhã de ontem (24) mostra que 46% dos brasileiros endividados gasta mais da metade do salário para pagar dívidas. Por essa razão, aproximadamente 70% deles apoia o Desenrola Brasil, programa do governo federal para ajudar a desnegativar os nomes dos endividados.
Para as pessoas que possuem tal informação ou um pouco mais de condições para sair logo dessa inadimplência, é preciso entrar em contato com empresas especializadas em renegociação de dívidas, uma delas é a companhia O Facilitador.
Metade da renda para quitar dívidas – pesquisa
A pesquisa ouviu 2.029 pessoas entre os dias 10 e 14 de agosto, e mostrou que, quando o assunto é dívida, os brasileiros mais pobres são a maioria e os que mais sentem dificuldades, uma vez que comprometem mais da metade da renda para quitar dívidas. .
Além disso, dos que ganham até dois salários mínimos, 38% disseram ter muitas dívidas. Dos que recebem na faixa de 2 a 5 salários mínimos, 30% também disseram ter muitas dívidas, enquanto 22% dos que ganham mais de 5 salários mínimos estão nessa situação.
Foco do programa Desenrola Brasil
Contudo, de modo geral, quem está na faixa de ganho de até dois salários mínimos, foco do programa Desenrola Brasil, é a mais endividada. Nessa categoria, 72% tem alguma dívida para pagar.
Juntando todas as faixas de renda, 67% declararam possuir alguma dívida financeira (muita ou pouca), sendo 31% com muitas dívidas; 36% com poucas dívidas e somente 33% disseram não ter débito a pagar.
Além disso, o levantamento ainda mostrou que 22% da população diz gastar entre 21% e 50% do salário para quitar obrigações financeiras.
Principais motivos das dívidas
Das dívidas, a principal é com cartão de crédito (31%), seguida de prestação de imóvel ou financiamento (14%), empréstimos (11%) e prestação de veículo (5%).
Já em relação ao recorte por renda, os mais pobres estão, proporcionalmente, com mais contas de água e luz atrasadas, bem como com dívidas em prestações de loja e carnês. Os mais ricos devem mais o cartão de crédito e o financiamento do imóvel.
Por outro lado, um dado que supreende é que apenas 2% disse estar no cheque especial.
Endividamento familiar no Brasil
De acordo com André Roncaglia, economista e comentarista do ICL Notícias, o problema do endividamento familiar no Brasil ocorre há pelo menos uma década, tendo se agravado após o impeachmente da então presidenta, Dilma Rousseff.
“A reforma trabalhista diminui salários e prejudicou muito os trabalhadores. Os mais pobres percebem mais as dívidas, principalmente porque, nesse cenário, a gente tem 30% das famílias usando o cartão de crédito para pagar conta de luz. Estamos falando de um processo de agravamento do endividamento que vem com uma piora da qualidade de vida, e o Desenrola vem para tentar aliviar isso.”
Prova disso é que ele diz que ao olhar os dados fica claro que mais de 70% de cada grupo (por faixa de renda) com dívidas, muitos deles com muita dificuldade para honrá-las. “Vemos também que quase metade deles ficou com o nome negativado”, disse Roncaglia, lembrando que as dívidas com cartão são um problema gravíssimo no país.
Nome no SPC
Além disso, dos entrevistados pela pesquisa, 56% disseram que já tiveram seus nomes incluídos no SPC ou na Serasa. Desses, 49% demorou mais de um ano para conseguir limpar o nome e 34% conseguiu em seis meses.
Recorte racial
A pesquisa também mostra que, no recorte racial, os pretos são os mais endividados e os que mais sofrem para pagá-las.
O levantamento mostra que 74% deles possuem dívidas, percentual que cai para 60% daqueles que se declaram brancos. Entre os pardos, os endividados somam 72%.
Por fim, apenas 19% dos endividados disseram que conseguem pagar suas dívidas com facilidade.
*Foto: Reprodução/br.freepik.com/fotos-gratis/empresario-trabalhando-com-contas_5767022