Infecção por fungo negro, cientificamente chamado de mucormicose foi registrada no último domingo (6)
No último domingo (6), a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE), foi notificada pelo Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) sobre um caso de fungo negro. A infecção foi encontrada em uma paciente de 59 anos moradora de Casinhas, no Agreste do Estado.
Caso de infecção por fungo negro
A paciente que teve infecção por fungo negro, também contraiu o novo coronavírus no mês de março. Em seguida, ela desenvolveu pneumonia bacteriana. Já a infecção por mucormicose foi confirmada por meio de exame histopatológico.
Possível associação com a Covid-19
Além disso, a SES-PE informou que notificou o Ministério da Saúde sobre o caso e investiga a possível associação com a Covid-19.
Todavia, a paciente já está curada da Covid-19. Porém, o tratamento, apesar de não ter sido hospitalizada, fez uso de antibiótico e corticoides.
Em nota, a SES-PE informou no domingo:
“Ela é diabética, hipertensa, asmática e obesa, e está internada em enfermaria no Huoc, desde a última sexta-feira (4),consciente e com quadro de saúde estável.”
Região afetada
Por outro lado, antes de dar entrada no hospital universitário, a mulher passou por outros serviços. Inclusive, ela teve de passar por procedimento cirúrgico na região afetada, a boca.
Sobre isso, o infectologista do Huoc Tiago Ferraz, explicou:
“Ela possui fatores de risco clássicos para infecção por esse fungo e a associação com a Covid-19 ainda está sendo estudada, visto que a infecção veio a acontecer trinta dias após os sintomas da Covid e quando já estava curada. Essa paciente já está recebendo o tratamento medicamentoso, já foi submetida a uma cirurgia, que fez a maior parte da higiene cirúrgica para a retirada desse fungo.”
Ele ainda disse que a paciente será submetida a outras investigações por imagem e reavaliações com especialistas. Isso porque ainda há alguns sintomas característicos da presença do fungo negro em seu nariz e seios da face.
Como ocorre a doença
De acordo com o infectologista Demetrius Montenegro, chefe do setor de doenças infectocontagiosas do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, a doença ocorre em pessoas com baixa imunidade. Além disso, ele fala que a diabetes é uma comorbidade de risco tanto para Covid-19 quanto para a infecção fungíca.
“A mucormicose é uma doença já conhecida, que ocorre em todo o mundo. Apesar da gravidade, a doença não passa de uma pessoa para outra e o diagnóstico precoce é o mais importante, para evitar a necrose dos tecidos infectados pelo fungo. A paciente continua sendo tratada e avaliada para que possamos ver a necessidade de intervenções cirúrgicas futuras.”
No entanto, a SES-PE destacou que nenhum dos contatos diretos ao caso da paciente de Casinhas apresentou a doença fúngica, que não representa nem risco aos familiares nem à comunidade.
Casos no Brasil
Até o momento, neste ano, há foram notificados 29 casos da mucormicose no país, dos quais pelo menos quatro são investigados pela associação com a Covid-19.
Que é mucormicose?
A mucormicose é uma doença conhecida há mais de um século, causada por fungos da ordem Mucorales, que possuem dezenas de espécies e que existem por toda a parte.
Este tipo de fungo afeta, normalmente, pacientes com baixa imunidade, podendo acometer nariz e outras mucosas.
Os sintomas variam conforme a localização da infecção. Nos pulmões, pode haver tosse, expectoração e falta de ar. Na face e nos olhos, pode acontecer vermelhidão intensa e inchaço.
Causa da enfermidade
A causa dessa enfermidade é a inalação dos esporos dessas espécies de fungo, que estão geralmente presentes no ambiente. Neste caso, merece destaque os locais com matéria orgânica em decomposição no solo, plantas, excrementos de animais e outras.
Apesar de os casos serem raros, eles não são inusitados. As pessoas mais vulneráveis a essa doença fúngica são, especialmente, os imunodeprimidos (idosos, diabéticos, pacientes oncológicos, transplantados, casos de Aids não controlada, pessoas em tratamento quimioterápico e/ou com uso de corticóides).
Tratamento
O tratamento depende do avanço da infecção e inclui remoção cirúrgica dos tecidos necróticos e uso de drogas antifúngicas de uso intra-hospitalar.
O diagnóstico, após a suspeita clinica, é feito com biópsia do local afetado para microscopia e cultivo.
*Foto: Divulgação