Startup Neurotech é especializada em IA, com origem na Universidade Federal de Pernambuco
Realizar uma análise com base em milhões de dados para decidir a quem conceder crédito na velocidade e no volume em que é feito hoje seria um trabalho gigante para um ser humano. Mas para um robô é um processo automático e possível de ser feito muitas vezes ao dia.
Startup Neurotech
Além disso, a adoção dessa tecnologia no Brasil começou no início do milênio, quando um grupo de mestres e doutores do Recife desenvolveu uma solução em inteligência artificial (IA) que revolucionaria o mercado de crédito. Sendo assim, de dentro da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a pesquisa aplicada se transformou em inovação e culminou na startup Neurotech. E após duas décadas e novas tecnologias e negócios, está sendo adquirida pela B3 por uma cifra bilionária.
Os pesquisadores responsáveis pela Neurotech foram os primeiros a aplicar a tecnologia, então recente, de redes neurais artificiais para fazer análise de risco e controlar a taxa de inadimplência de clientes, substituindo o modelo estatístico clássico. Mas afinal de contas por que a bolsa de valores brasileira está interessada em uma empresa que nasceu originalmente para resolver o problema de uma operadora de cartão de crédito? A resposta está nos dados. Isso porque a compra vem na esteira de investimentos que a B3 tem empreendido em big data, tornando-se o carro-chefe da Neurotech.
Outros nichos de negócios
Prova disso e que, atualmente, o escopo de atuação não se restringe mais apenas ao setor financeiro. Os bancos, fintechs e agências de crédito continuam representando a maior parcela dos mais de 150 clientes do grupo. Entretanto, as soluções de tecnologia foram adaptadas para atender também empresas de outros segmentos, como seguros, saúde e educação. Ou seja, um “hub de soluções de serviços de dados”, define o sócio-fundador Germano Vasconcelos.
Uma dessas soluções é o Riskpack, que foi estruturado em 2013 e culminou na ampliação da companhia com sua participação no mercado. A Neurotech condensa um volume gigantesco de informações – internas e de fontes públicas – por meio de redes neurais dentro de uma plataforma que, treinada por algoritmos, aponta caminhos para tomadas de decisões mais precisas, conforme as políticas da empresa cliente. Algumas das respostas que a inteligência artificial tenta identificar, por exemplo, é se uma pessoa deve ser uma boa pagadora ou mesmo se tende a cometer uma fraude.
Segundo o diretor de Tecnologia da Neurotech, Adrian Arnaud:
“A IA faz análise de milhões de pessoas, de forma tranquila em termos de performance e de tempo de resposta, e ainda consegue juntar mais informações e tirar mais insights inteligentes que um modelo estatístico ou um humano faria.”
Neurolake
Além disso, a quantidade de dados processados é tão grande que virou um produto por si só. O Neurolake é a plataforma de big data e inteligência artificial da Neurotech que processa mais de 1 bilhão de atualizações de dados por mês e mais de 15 mil informações com potencial de uso para negócios – a que chamam de variáveis. A ferramenta auxilia na construção de modelos preditivos para a criação de soluções em Machine Learning as a Service (do inglês, aprendizado de máquina como serviço).
Análise de dados
Por fim, para o CEO da empresa, Domingos Monteiro, a técnica utilizada para a análise de dados não é o maior destaque da startup, mas sim a própria análise de dados em si:
“A Neurotech tem tecnologia relevante porque a gente começou a falar em inteligência artificial 20 anos antes de todo mundo. É como se fosse nossa lingua mater. Mas o grande diferencial não é só o domínio dessa tecnologia, é ter entendido que os negócios não serão relevantes se não conseguirem usar dados de forma adequada. E a gente sabe usar tecnologia, juntando esses dados e ajudando as empresas a tomarem melhores decisões.”
*Foto: Reprodução