Trabalho no Nordeste, em termos de recorte por sexo, revela que os homens tiveram queda de 4,71% na renda; e entre as mulheres, houve alta de 1,33%
Com o agravamento da pandemia, o Nordeste registrou a maior queda salarial do país no primeiro trimestre de 2021. De janeiro a março, a renda efetiva do trabalho caiu 7,05% na região, frente a igual intervalo de 2020. Já o recuo verificado no país foi de 2,2%.
Trabalho no Nordeste – dados do Ipea
Na quarta-feira (16), um estudo realizado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) foi divulgado. As informações têm como base a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Motivos da queda
Entre os possíveis motivos para a queda do trabalho no Nordeste é a grande dependência do setor de serviços na região. É o que indica Sandro Sacchet de Carvalho, técnico de planejamento e pesquisa do Ipea.
Tal segmento reúne atividades que foram atingidas pelo agravamento da pandemia, como operações de turismo, bares e restaurantes. Empresas do gênero dependem da circulação de consumidores, que foi impactada pelas restrições para frear o coronavírus, aponta Carvalho:
“De certo modo, o tipo de ocupação tem impacto nos resultados observados. Estados com dependência maior da agricultura e da indústria foram menos afetados.”
Outras regiões
Além disso, as outras quatro regiões do país também registraram queda na renda efetiva no primeiro trimestre.
Já a segunda maior baixa foi registrada no Norte (-3,85%), seguido por Sudeste (-1,46%) e Sul (-0,97%). O Centro-Oeste teve o recuo menos intenso (-0,84%).
Nenhuma renda
Por outro lado, o estudo também mostrou que a crise sanitária elevou a proporção de residências sem nenhuma renda do trabalho no Brasil. O percentual saltou de 25% no primeiro trimestre de 2020 para 29,3% no mesmo intervalo de 2021. Em nota, o Ipea explicou:
“Essa diferença reforça a avaliação de que está sendo lenta a recuperação do nível de ocupação entre as famílias de renda mais baixa a patamares anteriores à pandemia.”
Faixa etária mais afetada
Ainda segundo a pesquisa, a faixa etária mais afetada pelo agravamento da pandemia foi a dos jovens adultos (25 a 39 anos), com queda de 7,73% nos rendimentos efetivos entre janeiro e março. Em contrapartida, a o mercado de trabalho para a terceira idade, com 60 anos ou mais, cresceu 7,06%, motivada principalmente pela alta proporção de trabalhadores por conta própria nessa faixa etária.
Educação
Em termos de escolaridade, os rendimentos recuaram para todas as categorias. Mas com destaque negativo para os trabalhadores que completaram o ensino médio (-8,37%).
No recorte por sexo, os homens tiveram queda de 4,71% na renda. Entre as mulheres, houve alta de 1,33%.
Nível de empregos formais
Para Carvalho, o nível de empregos formais é maior entre os homens no Brasil. Entre janeiro e março deste ano, a renda efetiva caiu 3,6% nos vínculos de trabalho com carteira assinada. E isso ajuda a entender a diferença em relação às trabalhadoras.
Ele diz ainda que a recuperação da renda depende do avanço da vacinação contra a Covid-19 nos próximos meses. Ela é necessária para reduzir restrições a setores como o de serviços, o maior empregador do país.
“Em termos de renda, pelo menos no segundo trimestre, a gente espera um cenário bastante semelhante [ao do primeiro]. Uma recuperação pode ser demonstrada a partir do terceiro trimestre, com o avanço da vacinação.”
Por fim, o primeiro trimestre de 2021 marcou a taxa de desemprego de 14,7% no país. Esta marca representa recorde um recorde na série histórica do IBGE, iniciada em 2012. O total de desempregados alcançou a marca de 14,8 milhões de pessoas, outra máxima do estudo.
*Foto: Divulgação