Cloroquina ainda não possui comprovação nocombate à Covid-19 e Ministério da Saúde pede prudência no uso destemedicamento
Muito tem se falado em torno do remédio cloroquina após a pandemia de coronavírus. Mas afinal de contas, ele é eficaz mesmo no combate à doença? De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o medicamento deve ser utilizado com prudência, e não de forma generalizada.
De baixo custo, a cloroquina é um remédio utilizado há váriasdécadas no tratamento da malária, que é um parasita transmitido pelo mosquito. Omedicamento é conhecido no mercado brasileiro e estrangeiro por diversos nomes,entre os quais: Nivaquine e Resochin. Também há um derivado dele, ahidroxicloroquina, voltada à doenças inflamatórias das articulações.
No entanto, a cloroquina possui efeitos colaterais, comonáusea, vômito, erupções cutâneas, além de condições cardíacas, neurológicas eoftalmológicas. Neste caso, uma overdose pode ser perigosa e, com isso, osmédicos desaconselham tomá-la sem receita médica.
De acordo com a Sociedade Francesa de Farmácia:
“Esses dois medicamentos têm uma margem terapêutica estreita, ou seja, a dose eficaz e a dose tóxica são relativamente próximas.”
Em relação à pandemia do novo coronavírus, diversos laboratórios que fabricam remédios à base de cloroquina divulgaram que doarão os medicamentos às autoridades de saúde de vários países e/ou o aumento ou retomada de sua produção.
No início de fevereiro, pesquisadores chineses disseram terobtido resultados positivos em ensaios clínicos com cloroquina, assistidos emcem pacientes com Covid-19.
Embora seja um pequeno número de pacientes e ainda não termuitos detalhes sobre a metodologia e os resultados desta pesquisa, o médicofrancês Didier Raoult, diretor do Instituto e Hospital Universitário de doençasinfecciosas em Marselha e renomado especialista no assunto, retomou essetrabalho na França.
Ele também integra o comitê científico que assessora ogoverno. Raoult defende a cloroquina como tratamento. Porém, muitos de seuscolegas criticam sua campanha nas redes sociais, pois ainda faltam ensaiosclínicos conduzidos no âmbito de protocolos rigorosos e publicados em revistacientífica com um comitê de leitura independente.
A cloroquina foi testada pelo doutor francês em pacientes deseu centro hospitalar com resultados positivos, segundo sua equipe, que ospublicou com base nos testes de aproximadamente vinte pacientes. Eles receberamo medicamento Plaquenil, bome comercial na França da hidroxicloroquina. Já emoutros pacientes, também foi ministrado o uso do antibiótico azitromicina, dependendodos sintomas. Sobre isso, o especialista confirmou:
“Apesar da pequena amostra, nosso estudo aponta que o tratamento com hidroxicloroquina está associado a uma diminuição/desaparecimento da carga viral (...) e seus efeitos são reforçados pela azitromicina.”
Ele ressaltou ainda que a partir de agora todos os seuspacientes infectados receberão doses dos dois medicamentos. O mesmo tratamentoserá ministrado na cidade de Nice (sudeste da França), com consentimento dasfamílias, conforme afirma o prefeito Christian Estrosi que, inclusive, já foitratado com cloroquina.
Na Europa, um ensaio chamado Discovery foi lançado no domingo(22) em diversos países para testar quatro tratamentos experimentais, incluindoa hidroxicloroquina, um estudo que “incluirá pelo menos 800 pacientes francesesque sofrem de formas graves de Covid-19.”
Já nos EUA, a FDA (Food and Drug Administration), quesupervisiona a comercialização de medicamentos, divulgou um “estudo clínicoabrangente”, levando em conta seu papel de garantir que os produtos sejamseguros e eficientes.
Se por um lado há os defensores do uso de cloroquina nocombate ao novo coronavírus, de outro é pedido cautela em sua utilização, porainda não haver resultados de grandes ensaios clínicos, segundo a ortodoxiacientífica.
Para o presidente americano Donald Trump, pode haver o usogeneralizado, assim como alguns médicos franceses. Porém, a OMS “condenou” nasegunda-feira “o uso de medicamentos sem evidência de eficácia”, alertandocontra “falsas esperanças”, em uma clara alusão ao estudo confirmado pelo Dr.Raoult.
A organização chama a atenção que tal pesquisa só foi realizada em um número pequeno de pacientes, e ainda que tanto os pacientes que receberam a cloroquina, quanto os que não receberam, foram escolhidos por meio de sorteio e que médicos e pacientes sabiam quem o estava recebendo.
Fonte: Folha de Pernambuco
*Foto: Divulgação
Aproveite para compartilhar clicando no botão acima!
Visite nosso site e veja todos os outros artigos disponíveis!