Xilogravuras de J. Borges, que também foi poeta, é considerado patrimônio da cultura pernambucana; natural do Agreste, ele faleceu na última sexta-feira (26)
Na última sexta-feira (26), o mestre do cordel por conta de suas belíssimas xilogravuras, José Francisco Borges, faleceu aos 88 anos, em sua casa. Natural do município de Bezerros, no Agreste pernambucano, J. Borges nasceu em 1935 e se consagrou como um dos maiores nomes da cultura artística do Estado.
Mesmo sem ter ido à escola, ou melhor, só a frequentou por um ano de sua vida, Borges aprendeu a ler, escrever mas principalmente: a criar arte. Isso porque desde cedo se destacou nas artes manuais, por conta de trabalhar com marcenaria e produção de móveis em miniatura. Sendo assim, as xilogravuras de J. Borges o consagraram como um dos maiores nomes fazendo arte em relevo esculpisa em madeira.
Com suas gravuras inconfundíveis, Borges juntou-se à literatura de cordel, tornando-se referência. Além disso, por meio da oralidade e da própria vivência, o artista criou um modo único de estar junto do povo, principalmente do agrestino e sertanejo.
Lançado em 1964, há exatos 60 anos, o primeiro Cordel de J. Borges foi batizado de O encontro de dois vaqueiros no sertão de Petrolina. E no ano seguinte passou a escrever e produzir a gravura dos folhetos, com a primeira obra em texto e imagens próprios: O verdadeiro aviso de Frei Damião.
Mas, foi por meio de um encontro com o escritor Ariano Suassuna (1927-2014) em meados da década de 1970 que a arte de J. Borges conquistou maior visibilidade. Isso porque o dramaturgo paraibano se encantou com a ideia de arte erudita e popular. E assim nasceu o Movimento Armorial, englobando linguagens como: o cordel, a xilogravura e artes plásticas.
Os dois se tornaram grandes amigos, e com o suporte de Suassuna, Borges levou sua arte para o mundo. Prova disso é o livro O lagarto, do escritor português José Saramago que conta com suas ilustrações.
Em 1990, foi convidado pelo escritor uruguaio Eduardo Galeano (1940-2015) para ilustrar a obra As palavras andantes. E em 1999, recebeu a Ordem do Mérito Cultural do Brasil.
Todavia, em 2005, se tornou patrimônio vivo da cultura pernambucana, e produziu uma versão em cordel em comemoração aos 400 anos da obra Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.
Entre os lugares que visitou e levou sua arte, estão: Suíça, Estados Unidos, Venezuela, França, Alemanha, Portugal e Cuba. Além disso, suas peças estão expostas em museus em vários países, como Itália, Espanha, Holanda, Bélgica, México e Argentina.
Vale lembrar que em junho de 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva presenteou o papa Francisco com um quadro Sagrada Família, reprodução de Maria, José e Jesus no estilo clássico de J. Borges.
Por essas e outras, José Francisco Borges conquistou mundo e sua arte é reverenciada no mundo todo.
*Foto: Reprodução/Bernardo Queiroz - https://www.flickr.com/photos/7762494@N05/1465233921/
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