Ameaças a escolas, segundo psicóloga, é necessário orientar abordagem com crianças; Governo de Pernambuco promoveu reunião emergencial ontem (11) sobre o assunto
Com os casos recentes de ataques em escolas no Brasil – como os que ocorreram em Blumenau (SC), no qual quatro crianças com idades entre cinco e sete anos foram assassinadas em uma creche no início de abril, a segurança nas unidades educacionais tem sido alvo de debates por parte do poder público e de preocupação de pais, responsáveis e alunos.
Ameaças a escolas do país
Além disso, nos últimos dias, uma série de ameaças foi compartilhada nas redes sociais. Nelas, os supostos alvos seriam escolas públicas da Região Metropolitana do Recife e de outros municípios pernambucanos. Sobre as postagens, em nota, a Secretaria de Defesa Social (SDS-PE) afirmou que haverá uma mobilização integrada no monitoramento e combate às ameaças de violência nas escolas.
“As redes sociais estão sendo monitoradas e, com isto, já foram identificados e encaminhados para delegacias competentes suspeitos de praticarem ameaças e atos semelhantes a terrorismo.”
Reunião emergencial
Ontem (11), representantes das secretarias de Educação e Esportes e de Defesa Social de Pernambuco se reuniram com os gestores das Gerências Regionais de Educação para discutir o assunto.
Contudo, entre os pais e responsáveis, o assunto provoca apreensão. Mas, mesmo com receio, alguns reforçam que a preocupação não pode afastar crianças e adolescentes das escolas e que as instituições, privadas ou públicas, devem tomar medidas para frear quaisquer planos de violência. É o que afirma o médico Kassio Macedo, 39, pai de uma criança que, aos três anos, dá seus primeiros passos na vida escolar.
“A preocupação existe e deve existir, o que a gente não pode é ficar refém dessas ameaças, que na maioria das vezes são falsas. Temos que trazer as crianças e torcer para que os colégios tomem medidas para mitigar essa ameaça, trazendo um pouco mais segurança.”
Abordar ou não?
Por outro lado, há quem evite abordar o assunto com as crianças. Mas, a psicóloga Giedra Marinho, especialista em infância e adolescência e mestre em educação para o ensino e saúde aponta que dificilmente a criança será blindada da informação. Portanto, o contato prévio com os pais ou responsáveis acerca do assunto pode ser benéfico.
“Vivemos em um meio midiático em que não temos controle sobre as informações. Em algumas situações, elas chegam às crianças sem que os adultos saibam, através de uma televisão, de um celular, ou outra fonte.”
Ela ainda ressalta que é bem mais interessante os pais ou responsável se antecipae e converse com a criança, dando uma abordagem diferente. Ela também destacou a importância da iniciativa de veículos de mídia em não divulgar informações sobre os criminosos.
Segurança emocional
Todavia, ao abordar o assunto, a psicóloga explica que os adultos devem passar uma “segurança emocional” às crianças.
“Os pais e responsáveis têm que entender que eles são modelo, são exemplo para os menores. É importante, portanto, passar tranquilidade; não é simplesmente não falar sobre o assunto, mas falar de uma forma que passe segurança. Por exemplo, falando que a escola frequentada por ela é um ambiente seguro e dizendo que no momento em que a criança não se sentir protegida, há a possibilidade de se procurar uma professora ou mesmo os próprios responsáveis para falar sobre o medo.”
Por fim, a proteção, segundo a psicóloga, está relacionada ao modo com que as crianças lidam com sentimentos como o medo e a insegurança. Nesse processo de autoconhecimento, a comunicação desempenha um papel essencial.
“A criança tem que sentir que possui um espaço de fala. Se ela não quer ir à escola por medo em determinado dia, por exemplo, é importante que se respeite essa vontade. Muitas crianças terão esse movimento e, quanto menor ela for, o respeito à criança é fundamental para que ela aprenda a lidar com as emoções. É importante saber como a criança está se sentindo, se sentar no chão junto a ela, pedir para que ela desenhe, que é um instrumento muito válido porque eles não têm condições de elaborar um raciocínio.”
*Foto: Reprodução/Unsplash (MChe Lee)