Comunidades carentes de SP receberão produtos de gigantes brasileiras do comércio online, como Americanas, B2W, Submarino e Shoptime
Geralmente excluídos dos serviços regulares de entregas de empresas de logística, moradores de comunidades carentes de SP passam a ser alvo de grandes grupos de e-commerce. Isso ocorre em um momento em que as vendas online viraram uma salvação do varejo na pandemia.
Comunidades carentes de SP recebem produtos de grandes grupos de e-commerce
É o caso da B2W, que fechou parceria comercial com a startup de logística Favela Brasil Xpress. A parceria de negócios conta com a organização da G10 Favelas. Com isso, os produtos chegarão à comunidade de Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Tais produtos são vendidos nas lojas online com as bandeiras Americanas, Submarino e Shoptime.
Graças a iniciativa, mais de 100 residentes da comunidade paulistana não precisarão mais se deslocar até pontos de retirada de produtos comprados pela internet. Antes, tinham que retirar em agências dos Correios ou lojas físicas do grupo, por exemplo.
Falta de CEP nas comunidades carentes de SP
Além disso, por questões de falta de CEP (Código de Endereçamento Postal), numeração de casas e também por segurança, moradores de comunidades carentes de SP são excluídos do mapa das empresas de logística.
Chegam a utilizar expressão do tipo “CEP do inferno” para designar áreas onde são de alto risco de roubo de cargas. Por outro lado, pesquisas apontam que essas comunidades concentram mais de 11 milhões de brasileiros. E boa parte deles com acesso à internet. Portanto, são consumidores em potencial.
União de Moradores de Paraisópolis
De acordo com o presidente da União de Moradores de Paraisópolis e presidente nacional do G10 Favelas, Gilson Rodrigues, essas comunidades movimentam por ano no país o equivalente ao PIB de países como Honduras e buscam cada vez mais o e-commerce. Em sua opinião, o desafio estava, exatamente, na logística.
Sobre isso, o gerente de operações da B2W Digital, André Biselli aponta intenções mas sem dar muitos detalhes:
“Temos a pretensão de, em breve, expandir o projeto para outras comunidades e colocar essa população no mapa do e-commerce.”
Ele afirma que ainda não possui dados sobre potencial de mercado. Mas ressalta que há uma demanda reprimida.
Lado social do projeto
Em contrapartida, Baselli também pontua sobre o lado social do projeto. Ou seja, da iniciativa nasce mais empregos, renda e capacitação profissional para os moradores da comunidade. Eles serão recrutados pela startup para realizar as entregas.
Prova disso é que no começo deste mês a startup Favela Brasil Spress, responsável pela última milha (last mile), realizou em torno de 350 entregas por dia em Paraisópolis.
Para atender a demanda, foram instalados no espaço comunitário dois contêineres da B2W que funcionam como centro de distribuição.
Após a separação, as entregas são feitas na casa do cliente em até 12 horas pela startup. Hoje, a operação conta com uma equipe de 35 pessoas, incluindo entregadores da comunidade que conhecem a geografia da região e circulam com bicicletas e tuk-tuks. “Isso aumenta a eficiência nas entregas”, afirma Biselli.
Para o presidente da Favela Brasil Xpress, Giva Pereira, a startup surgiu para revolucionar o sistema de entregas nas comunidades.
Mercado Livre
O Mercado Livre que hoje é o maior shopping virtual da América Latina, informa em comunicado que tem investido fortemente em sua malha logística para atender os consumidores de diferentes regiões do Brasil. Isso engloba quem reside páreas consideradas de risco. Neste caso, a empresa pretende contratar entregadores da própria localidade, “com a proposta de oferecer a todos os usuários da plataforma de entrega mais rápida do Brasil”.
Andando na mesma direção está o Magalu, que afirma que fará entrega das compras da loja online mesmo em áreas consideradas de risco.
*Foto: Divulgação/Bruno Niz